O
Mieloma Múltiplo é um tipo de câncer da medula óssea, que se caracteriza pelo
aumento em número e em atividade dos plasmócitos. O plasmócito é uma célula
sanguínea que se desenvolve a partir do linfócito B. Quando expostos a um
patógeno, os linfócitos B transformam-se em plasmócitos, e produzem
imunoglobulinas que participam do processo de defesa imunológica.
Existem
cinco tipos diferentes de imunoglobulinas: IgG, IgM, IgA, IgD e IgE, com
funções imunológicas diferentes. Cada tipo de imunoglobulina é formado por
quatro cadeias de proteínas: duas idênticas pesadas (longas) e duas idênticas
leves (curtas). As cadeias pesadas definem os cinco tipos de imunoglobulina:
gama (IgG), mi (IgM), alfa (IgA), delta (IgD) e épsilon (IgE). As cadeias leves
são de dois tipos: capa e lambda. Em um plasmócito, duas cadeias pesadas iguais
se ligam a duas cadeias leves iguais para formar um anticorpo. Cada plasmócito
produz um único tipo de anticorpo.
Como
as células tumorais derivam de um único plasmócito no Mieloma Múltiplo, todas
produzem o mesmo anticorpo, que se acumula no sangue (proteína monoclonal). Em
alguns casos, são produzidos excessos de cadeias leves, chamadas de cadeias
leves livres ou proteínas de Bence-Jones, que, por serem pequenas, são
excretadas na urina. Raramente são produzidos excessos de cadeias pesadas
livres.
O
tipo de imunoglobulina produzida é usado para classificar o mieloma múltiplo,
sendo que os mais comuns são o mieloma IgG (60% a 70%) e o mieloma IgA (20%); e
os mais raros são IgD e IgE são raros.
Este
câncer é chamado de “mieloma múltiplo” porque múltiplas áreas da medula são
normalmente afetadas. Existe uma variação substancial entre pacientes quanto ao
número de áreas da medula óssea afetadas; à localização dessas áreas (ex.:
coluna vertebral, pélvis, braços e/ou pernas) e à atividade ou padrão de
crescimento do mieloma.
Segundo
dados da American Cancer Society, trata-se de um câncer relativamente
raro. Nos Estados Unidos, cerca de 1 em cada 143 pessoas podem desenvolver a
doença. Comumente, pessoas idosas, com mais de 65 anos manifestam o câncer, e
em menor escala, pessoas com menos de 35 anos. Ressalta-se ainda que, no
Brasil, faltam dados quanto à incidência e prevalência do Mieloma Múltiplo.
Causas
e fatores de risco
Até
o momento, as causas da doença não são totalmente elucidadas. Acredita-se que a
predisposição genética e a exposição ambiental estejam relacionadas. Não
obstante, já se sabe que a exposição à radiação, à substâncias químicas,
herbicidas, metais pesados, tinta, petróleo, exposição a asbesto e benzeno
podem ser fatores de risco. Além disso, infecções virais, principalmente pelo
vírus HHV-8 (Herpes-8), HIV e Hepatite C, podem estar associadas, e raros casos
de ocorrência familiar foram descritos, portanto, não é uma recomendação que se
pesquise o mieloma em todos os membros da família.
Diagnóstico
O
diagnóstico inicial do Mieloma Múltiplo se dá através do hemograma, creatinina,
cálcio, ácido úrico, proteínas totais e frações, beta 2 microglobulina,
eletroforese e imunofixação de proteínas no soro e urina de 24h, estudo
radiológico de esqueleto (crânio, coluna vertebral, tórax, bacia, membros
superiores e inferiores), aspirado e/ ou biópsia de medula óssea em crista
ilíaca posterior.
Segundo
Silva (2007) o hemograma de um indivíduo com Mieloma Múltiplo
evidenciará
anemia normocítica e normocrômica, hiporegenerativa, em 60% dos casos.
Neutropenia pode estar presente em 30% dos pacientes enquanto a trombocitopenia
em 20%. Em torno de 95% dos casos apresentam intensa aglutinação das hemácias
por alteração na carga elétrica da membrana eritrocitária, formando verdadeiras
pilhas de hemácias conhecidas como rouleaux e que são facilmente observadas em
esfregaço de sangue periférico.
Segundo
a Profa. Dra. Gisele Colleoni, da Unifesp, o paciente com Mieloma pode
apresentar uma anemia não muito intensa, trombocitopenia ou não. A anemia será
mais importante em pacientes com Mieloma há mais tempo, com perda de função
renal e maior infiltração da medula pelas células tumorais. (clique aqui para assistir ao vídeo sobre aimportância do hemograma no diagnóstico e acompanhamento dos pacientes).
Para
a confirmação do diagnóstico, é preciso que haja a presença de proteína
monoclonal, infiltração da medula óssea por plasmócitos identificados através
de aspirado ou biópsia de medula óssea ou biópsia de massa tumoral, com laudo
de plasmocitoma e evidências de dano aos órgãos afetados pelo mieloma múltiplo:
anemia, lesões líticas na radiografia do esqueleto, insuficiência renal e
hipercalcemia.
Na
pesquisa de imunoglobulinas, a quantidade de um tipo pode ser elevada, enquanto
dos outros são baixos, já que os níveis de determinada proteína determina o
tipo de mieloma.
Obs.: a dosagem bioquímica das imunoglobulinas pode ser prejudicada devido aos altos níveis. Portanto, recomenda-se a diluição da amostra para a liberação do resultado.
Tratamento
Há
grandes avanços no tratamento da doença desde a introdução do primeiro
tratamento com melfalano e prednisona, ainda na década de 60, entretanto pode
haver variações dependendo do protocolo de tratamento adotado pela equipe
mpedica de acordo com as características apresentadas pelo paciente.
Fontes: Abrale
Silva,
Roberta Oliveira de Paula e Silva. Mieloma múltiplo: estudo prognóstico e
verificação do conhecimento da doença em médicos que atuam na atenção primária
à saúde / Roberta Oliveira de Paula e Silva. - Belo Horizonte, 2007.
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