terça-feira, 11 de agosto de 2015


. .
Urocultura - Microbiologia #dia2


As infecções do trato urinário (ITU) podem ocorrer em pessoas de todas as idades e sexo, entretanto, ocorre com maior frequência em mulheres, devido as características do sistema urinário feminino. Os principais agentes que causam estas infeções são as enterobactérias, entre elas Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Proteus spp e Enterobacter spp. Agentes gram-positivos também podem causar ITU, sendo os principais os estafilococos, com destaque para Staphylococcus saprophyticus e Enterococcus ssp.
Estas infecções são classificadas em:
·   Bacteriúria assintomática: há presença de bactérias, mas sem sintomatologia. Achado importante em grávidas e crianças com refluxo vesicoureteral.
·   Cistite: infecção da bexiga com disúria como principal sintoma.
·   Pielonefrite: infecção que acomete rins e pélvis, com presença de febre e geralmente associada e infecção sistêmica.
·   ITU complicada: infecção que acomete indivíduo com anormalidade do sistema urinário.
Há ainda as ITUs não complicadas, que geralmente, são diagnosticadas na sedimentoscopia, sem necessidade de cultura.
Pelo fato de que as ITUs são bastante frequentes, a urocultura é o exame mais solicitado em laboratórios de microbiologia. A urocultura, portanto, é cultura de urina para identificação de microrganismos causadores de infecções no trato urinário.

AMOSTRA
A urina de jato médio é a amostra mais comum para a realização de cultura. Entretanto, pode-se fazer a coleta também de urina de qualquer jato, urina de paciente com cateterismo vesical, coleta por sonda de alívio, por punção suprapúbica e amostra de primeiro jato. Para a utilização destes tipos de amostra, as indicações de coleta devem ser seguidas criteriosamente, para maior confiabilidade do exame.

CULTURA
A semeadura da urina pode ser feita de duas formas:

·      Quantitativa: com alça calibrada de platina ou de plástico (de 10µl ou 1µl). Pode ser realizada em MacConkey, CLED ou meio cromogênico. A interpretação é feita de acordo com o crescimento das colônias. É importante ressaltar que, se observado cocos gram-positivos no gram, é recomendado que a semeadura seja feita também em ágar-sangue.

·      Semiquantitativa: com sistema de laminocultivo. O laminocultivo consiste em uma embalagem plástica cilíndrica, com um suporte conectado na tampa com duas faces. Em uma das faces, há o meio CLED (meio que inibe o véu do Proteus spp. e onde é realizada a contagem no laminocultivo), onde cresce todas as bactérias e na outra face, há o meio de citrato e MacConkey, um meio seletivo para bacilos gram-negativos. Nesta face, é possível realizar o teste de indol com reativo de Kovacs, o que auxilia muito no processo de identificação.
 
Laminocultivo e Reativo de Kovacs
 Ressaltamos que a coloração de gram (já descrita no blog) acompanha todo o processo de identificação das bactérias causadoras da infecção. Além disso, é importante que o microbiologista consulte a urina I do paciente, já que o número elevado de leucócitos e presença de bactérias na sedimentoscopia indicam infecção. É preciso também levar em conta a sintomatologia, idade, sexo e histórico do paciente. E com tudo isso, comparar com a contagem de colônias, descartando ou não possíveis contaminações e infecções verdadeiras.
Para a identificação de possíveis contaminações, é importante observar a quantidade de leucócitos e caso haja mais de um microrganismo predominante na placa (com leucócitos normais), é recomendado que seja pedida uma nova amostra.

INTERPRETAÇÃO E CONDUTA

Para a interpretação das culturas de urina, podemos entender o seguinte:
·  Sem crescimento, sem presença de leucócitos e com presença ou ausência de sintomatologia: NEGATIVO, e não há infecção.
·      Sem crescimento, com presença de leucócitos, com ou sem sintomatologia: NEGATIVO, mas pode haver sim infecção, como por exemplo por gonococo, ureaplasma, clamídia, ou o paciente está fazendo uso de antibióticos.
·      < 105 UFC/mL, com ausência de leucócitos, e dois ou mais microrganismos (MOs): faz-se a identificação e leva-se em conta também a sintomatologia para interpretações mais específicas.
·  < 105 UFC/mL, sem leucócitos, e dois ou mais MOs: faz-se a identificação. Caso haja sintomatologia, recomenda-se também o antibiograma.
·    ≥ 105 UFC/mL, sem leucócitos, com um ou mais MOs: faz-se a identificação, e leva-se em conta a sintomatologia para interpretações mais específicas.
·    ≥ 105 UFC/mL, com leucócitos, com ou sem sintomatologia: além da identificação, faz-se também antibiograma.

Observações relevantes:

Ø No gram, a presença de muitas células epiteliais e de mais de um tipo de MO sugere contaminação de coleta.
Ø Na maioria dos casos, culturas com baixa contagem são negativas. Entretanto, alguns MOs, mesmo que com baixa contagem, são muito importantes, e deve-se fazer identificação e antibiograma.
Ø A cultura de ponta de Foley não deve ser realizada, uma vez que o crescimento de MOs representa a microbiota da uretra distal.
Ø Se houver solicitação de pesquisa de fungos, semear em meios específicos, como o Saboraud.
Ø A coleta e o transporte são passos muito importantes para o exame, e devem seguir critérios específicos para um resultado confiável.

Respondendo a pergunta colocada no facebook:

O que fazer quando isolamos um Streptococcus agalactiae em cultura de urina de jato médio com contagem < 105 UFC/mL, sem presença de leucocitúria no sedimento urinário?

Teste CAMP para identificação de S. agalactiae
Como dissemos anteriormente, alguns microrganismos são importantes mesmo com baixa contagem. Neste caso, o resultado deve ser sempre reportado, mesmo na ausência de leucocitúria, pois o Streptococcus do grupo B ou S. agalactiae é um agente importante, principalmente em grávidas, exigindo intervenção por parte do médico para prevenir infecções graves no recém-nascido. Neste caso, deve ser feito o diagnóstico do agente e teste de sensibilidade aos antimicrobianos, para que o tratamento seja instituído de maneira adequada. Os antimicrobianos a serem testados são: clindamicina, eritromicina, e penicilina ou ampicilina; os dois primeiros são drogas de escolha para pacientes alérgicas às penicilinas.

FONTES:
Oplustil, Carmem Paz, et al. Procedimentos básicos em microbiologia clínica. 3 ed. São Paulo : SAVIER, 2010.
Oplustil, Carmem Paz, et al. Microbiologia Clínica. Vol 2. São Paulo : SAVIER, 2012.
0 comentaram

. .
Coloração de Gram - Microbiologia #dia1

Na microbiologia, é imprescindível que conheçamos a técnica de coloração de Gram, assim como o mecanismo da mesma, para a correta interpretação da bacterioscopia. Obviamente, além dos materiais como corantes e bico de Busen, é de extrema importância que a coloração seja de qualidade, para a obtenção de um resultado confiável e que de fato auxilie na identificação do microrganismo.
O método de Gram foi descoberto pelo médico dinamarquês Hans Cristian Joaquim Gram, em 1884, e por isso recebeu este nome. Hans Gram observou que as bactérias adquiriram cores diferentes, quando tratadas com diferentes corantes.
Hans Gram -
 Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br
A partir de então, pode-se classificar as bactérias em dois grandes grupos: gram-positivas e gram-negativas.

·      Gram-positivas: são bactérias que possuem uma espessa camada de peptideoglicano e ácido teicóico e que, portanto, coram-se de azul.
·      Gram-negativas: são bactérias que possuem uma fina camada de peptideoglicano, sobre a qual se encontra uma camada composta por lipoproteínas, fosfolipídeos, proteínas e lipopolissacarídeos. Estas bactérias coram-se de vermelho.

Vamos aprender a técnica para entendermos o que faz com que certas bactérias se corem de azul e outras de vermelho.

Ø Prepare a lâmina fazendo um pequeno esfregaço com a colônia ou a amostra a ser analisada. Pode ser usado salina para melhor diluição na preparação da lâmina.
 
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br
Ø A maioria dos laboratórios utilizam-se o calor da chama do bico de Bunsen para a fixação da lâmina. Entretanto, segundo o Ministério da Saúde, este é o método original, utilizando violeta-de-genciana, mas atualmente já há um fixador químico no violeta-de-metila (outro tipo de cristal violeta), que dispensa a utilização da chama. Então, após a fixação, coloque sobre toda a lâmina o cristal violeta, que é um corante de cor púrpura, e aguarde de 30 segundos a 1 minuto. Neste passo, todas as bactérias estarão coradas igualmente, pois absorverão o corante.
 
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br
Ø Após este período, lave a lâmina com água destilada, e posteriormente, aplique o lugol (solução de iodo). Esta solução fixará o corante cristal violeta nas bactérias gram-positivas, que tem a parede mais espessas.
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br
 
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br

Ø Lave a lâmina novamente com água destilada e logo após, lave com álcool-acetona, por cerca de 15 segundos ou até o corante azul sair da lâmina. O álcool fará a descoloração das bactérias gram-negativas, que possuem a parede menos espessa, e é imprescindível uma atenção a este passo, para que não descolore muito a lâmina. Coloque rapidamente a lâmina em água corrente, para tirar o excesso de álcool.
 
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br

Ø Coloque por toda a lâmina a fucsina ou a safranina. Estes são contracorantes, de tom avermelhado, que servirão para corar as bactérias gram-negativas que foram descoradas no passo anterior. Deixe o corante por 30 segundos a 1 minuto, e lave com água destilada.
 
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br

Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br

Ø Seque a lâmina com secador, e leve ao microscópio para a análise.
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br

 Observação: é importante mencionar que a padronização do método de gram é específico para cada laboratório. Portanto, os tempos e os passos indicados aqui podem variar de um laboratório para outro. É importante que o procedimento operacional padrão do laboratório seja seguido.

Interpretação do resultado:
Durante o processo de coloração, o tratamento com álcool-acetona extrai os lipídeos, resultando na porosidade ou permeabilidade aumentada da parede celular das bactérias gram-negativas. Por este motivo, o cristal violeta aplicado no início do processo sai, e a safranina aplicada ao final permanece. As gram-negativas coram-se então de vermelho (ou rosa).
Em contrapartida, a parede celular das bactérias gram-positivas, em virtude de sua composição diferente, torna-se desidratada durante o tratamento com álcool-acetona, a porosidade diminui, a permeabilidade é reduzida. Sendo assim, essas bactérias retém o cristal violeta e não se descoram com a aplicação do álcool. As gram-positivas coram-se então de azul (ou roxo).  


Dica para não esquecer, uma analogia simples:
Ø  Quando você está sem nenhum dinheiro na sua conta, você está no VERMELHO (negativo). Lembre-se então das gram-negativas.
Ø  Quando você tira uma nota boa, você tira uma nota AZUL (isso é positivo!). Lembre-se das gram-positivas.
Para finalizar, um vídeo muito bem explicativo do Prof. Fernando Mafra, do Canal de Escola de Ciências da Vida, do YouTube.



Aproveitem esta semana para estudar microbiologia com o Biomedicina em Ação!

Fontes:
Técnica de Coloração de Gram. Brasília: Ministério da Saúde, Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS, 1997. 63 p.: iI. (Série TELELAB) 1. Gram I. Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS, (Brasil). II. Série TELELAB.
Universidade Federal Fluminense – Instituto Biomédico – MIP Bacteriologia – Coloração de Gram.
Imagens: Vidraria de Laboratório
0 comentaram

segunda-feira, 10 de agosto de 2015


. .
Minicurso de Hematologia - Domus Cursos

Bônus de Hematologia!



A Domus Cursos, parceira do Biomedicina em Ação, lançou mais um curso para Campinas e região! Trata-se de um minicurso de hematologia com foco no diagnóstico diferencial das Anemias, a fim de suprir a necessidade dos profissionais e estudantes sobre o tema. Com profissionais altamente qualificados, com anos de experiência e atualizados sobre o tema, a Domus oferece um curso rápido e excelente para atualização de conhecimentos.
 Mais informações e inscrições pelo site da Domus Cursos!


E lembrando que o Minicurso de Circulação Extracorpórea ainda estão com inscrições abertas! Corra no site e garanta a sua vaga! 


0 comentaram

domingo, 9 de agosto de 2015


. .
Coagulação Sanguínea - Hematologia #dia7

A coagulação sanguínea é um processo importante para a manutenção da integridade vascular, e em condições normais, ocorre sempre que há ruptura e sangramento. Há então a formação de coágulo (ou tampão plaquetário em rupturas pequenas) a fim de cessar o sangramento.
O sistema hemostático contém os componentes envolvidos no mecanismo de coagulação, e são responsáveis por regular a perda de sangue e ao mesmo tempo, a formação de trombos intravasculares, que podem ocorrer a partir da formação excessiva de fibrina. Tais componentes são as plaquetas, os vasos, as proteínas da coagulação do sangue (fatores de coagulação), os anticoagulantes naturais e o sistema de fibrinólise.
A cascata de coagulação foi proposta em 1964, por Macfarlane e Davie & Ratnoff, e é conhecida como “cascata”, pois ocorre de forma sequencial, resultando na formação de trombina que converte o fibrinogênio em fibrina. Inicialmente, houve uma divisão do processo de coagulação em duas vias: intrínseca e extrínseca, sendo que cada uma delas, era composta por um determinado grupo de fatores.  

 Na via extrínseca, o fator VII plasmático (na presença do seu cofator, o fator tecidual ou tromboplastina) ativa diretamente o fator X. Na via intrínseca, ativação do fator XII ocorre quando o sangue entra em contato com uma superfície, contendo cargas elétricas negativas (por exemplo, a parede de um tubo de vidro). Tal processo é denominado “ativação por contato” e requer ainda a presença de outros componentes do plasma: pré-calicreína (uma serinoprotease) e cininogênio de alto peso molecular (um cofator não enzimático). O fator XIIa ativa o fator XI, que, por sua vez, ativa o fator IX. O fator IXa, na presença de fator VIII, ativa o fator X da coagulação, desencadeando a geração de trombina e subsequente formação de fibrina. (Franco, RF. 2010 – sobre a via intrínseca e extrínseca).

Entretanto, atualmente esta divisão é entendida como inadequada, já que não ocorre in vivo, e a noção que se tem dos fatores de coagulação foi modificada a partir de trabalhos posteriormente publicados, como o de Chapel Hill, na Carolina do Norte. Hoje, entende-se que as duas vias são estimuladas em conjunto, não havendo separação nítida entre elas, e que há uma grande participação celular neste processo.

Para descomplicar e facilitar o entendimento assista a um vídeo do Canal Academia de Ciência sobre o processo de coagulação:



Fontes e mais informações:
FRANCO RF. Overview of coagulation, anticoagulation and fibrinolysis. Medicina, Ribeirão Preto, 34: 229-237, july/dec. 2001.
SIQUEIRA C. Fisiologia da coagulação. Rev SOCERJ, v, XIV, n 1.
Vídeo: Academia de Ciências.
0 comentaram

. .
Doenças Mieloproliferativas - Hematologia #dia6

As doenças Mieloproliferativas são tipos de cânceres do sangue que começam com uma mutação em uma célula-tronco da medula óssea. Essa mutação, ou mudança, causa uma superprodução de qualquer combinação de glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas. (Informações e vídeo: ABRALE - Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia)

0 comentaram

quinta-feira, 6 de agosto de 2015


. .
Esfregaço sanguíneo - Hematologia #dia5

“O primeiro esfregaço a gente nunca esquece!” E quem nunca ficou horas tentando fazer um esfregaço perfeito que atire a primeira pedra! E há quem fique até hoje. Parece um procedimento simples, mas é preciso que seja executado de forma correta, pois é um fator significativo para a realização de um hemograma confiável.


Trata-se de uma técnica que permite a leucometria diferencial, a estimativa do número de leucócitos e plaquetas por microlitro de sangue, a avaliação morfológica das células sanguíneas (em especial os glóbulos vermelhos) e também a pesquisa de parasitas sanguíneos.

O esfregaço ideal deve ser livre de falhas e paradas, não muito espesso, nem fino demais e sem falhas na cauda. Na observação ao microscópio às duas bordas onde são realizadas as contagens devem apresentar os eritrócitos mais separados e os leucócitos bem distribuídos.

Materiais para a confecção do esfregaço sanguíneo

·      Lâminas de vidro limpas, desengorduradas e secas;
·      Lâminas extensoras;
·      Capilar de vidro;
·      Amostra de Sangue.
·      Obs.: NUNCA esqueça os EPIs, principalmente jaleco e luvas.

Passos para a realização do esfregaço sanguíneo

1) É preciso certificar-se de que a lâmina esteja limpa e seca. Caso não esteja, faz-se a limpeza da mesma.
 
Imagem adaptada: www.vidrariadelaboratorio.com.br

2) Faça a homogeneização da amostra. Apoie a lâmina de vidro e aplique uma gota de sangue de aproximadamente 1 ou 2 cm de diâmetro do lado que for começar o esfregaço.
Imagem adaptada: www.vidrariadelaboratorio.com.br


3) Toque a gota de sangue com as costas da extensora em um ângulo de 30 a 45º.
 
Imagem adaptada: www.vidrariadelaboratorio.com.br
4) Aguarde que o sangue se espalhe pelo bordo da extensora e então deslize-a de modo suave e contínuo até a direção oposta, formando uma camada delgada e uniforme. É importante escorregar a lâmina de uma vez, sem detê-la, evitando falhas.

Imagem adaptada: www.vidrariadelaboratorio.com.br
Imagem adaptada: www.vidrariadelaboratorio.com.br



5) Seque a lâmina ao ar e identifique-a com lápis diretamente sobre a parte espessa do esfregaço ou sobre etiqueta de papel (não são usadas canetas esferográficas, pois os corantes removem esse tipo de identificação).

Imagem adaptada: www.vidrariadelaboratorio.com.br

6) Core a lâmina e leve-a ao microscópio para leitura.

Imagem adaptada: www.vidrariadelaboratorio.com.br

A forma correta de realizar a leitura é no meio do esfregaço, onde não há grande espessamento e não é uma área com esfregaço muito fino. Isso permite a melhor visualização dos elementos citológicos.


Imagem adaptada: www.vidrariadelaboratorio.com.br

Imagem adaptada: www.vidrariadelaboratorio.com.br


Imagem adaptada: www.vidrariadelaboratorio.com.br

O Canal Bionérdicos tem um vídeo super divertido e interativo sobre o tema, e ainda fala sobre a coloração. Vale a pena conferir: 


Fonte: 

2 comentaram

quarta-feira, 5 de agosto de 2015


. .
Anemia Falciforme - Hematologia #dia4 [vídeo]

Anemia falciforme é uma doença genética e hereditária caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, que perdem a forma arredondada e elástica, adquirem o aspecto de uma foice e endurecem, o que dificulta a passagem do sangue pelos vasos de pequeno calibre e a oxigenação dos tecidos.
As hemácias falciformes contêm um tipo de hemoglobina, a hemoglobina S, que se cristaliza na falta de oxigênio, formando trombos que bloqueiam o fluxo de sangue, porque não têm a maleabilidade da hemácia normal.
O diagnóstico laboratorial é feito através do hemograma e da eletroforese de hemoglobina (teste confirmatório). O teste do pezinho, realizado em neonatos, proporciona a detecção precoce da doença.

Entenda no vídeo abaixo o que causa a anemia falciforme:

1 comentaram

terça-feira, 4 de agosto de 2015


. .
Talassemias - Hematologia #dia3

Modelo 3D da hemoglobina. Créditos na imagem. 

      A Talassemia é uma desordem hereditária e que comumente produz anemia microcítica e hipocrômica. Esta denominação abrange um grupo de distúrbios genéticos da síntese da hemoglobina (metaloproteína que contém ferro e está presente nos eritrócitos, permitindo o transporte de oxigênio), caracterizado por redução na produção de uma ou mais cadeias polipeptídicas de globina, que resulta na anemia.
Os primeiros casos identificados de Talassemias se deram em famílias da Itália, Grécia, Turquia e Líbano, que residiam próximo ao Mar Mediterrâneo. O nome Talassemia advém então do grego “thalassa”, e ficou conhecida como "Anemias do Mediterrâneo". Devido à globalização, migração e miscigenação, novos casos começaram a aparecer por todo o mundo.
Cada eritrócito circulante possui cerca de 300 milhões de moléculas de hemoglobina. Cada uma destas moléculas, em seu estado normal, é formada por duas cadeias α (alfa) conectadas a duas cadeias β (beta) de globina (α2β2). Em pacientes portadores de Talassemia, há uma mutação em um ou dois cromossomas específicos (11 e 16). Isso faz com que a medula óssea pare de produzir (ou produzir em menor quantidade) um dos dois tipos de cadeias de globina.  
Indivíduos normais possuem quatro genes responsáveis pela produção de globinas alfa, e análises por técnicas de hibridização mostraram que os quatro genes alfa encontram-se no cromossomo 16 (dois em cada um). Se a mutação ocorrer no cromossomo 16, em um, dois, três ou nos quatro genes, haverá diminuição das cadeias α (alfa), causando uma desproporcionalidade entre o número de cadeias α e β produzidas. Assim, os eritrócitos terão menos moléculas de hemoglobina no seu interior.
Havendo tal desproporcionalidade, consequentemente haverá excesso de globina β, que continua sendo sintetizada normalmente, e isso formará tetrâmeros, resultando na Hemoglobina H.
 Os portadores desta Talassemia serão caracterizados de acordo com o número de genes afetados:
·      Portador silencioso (um gene alfa afetado);
·      Talassemia alfa heterozigota (dois genes alfa afetados);
·      Doença de hemoglobina H (três genes alfa afetados);
·      Síndrome de Hidropsia Fetal por Hemoglobina Bart’s (quatros genes alfa afetados).
Se a mutação ocorrer no cromossomo 11, haverá a falta das cadeias β (beta), e também ocorrerá diminuição de hemoblogina.


  
Portanto, há duas classificações para a Talassemia: α-talassemia e β-talassemia. A Talassemia pode se apresentar de duas formas: minor ou major.

Talassemia minor: há somente o traço talassêmico, sem alterações significativas no nível de hemoglobina.
Talassemia major: há um profundo comprometimento do nível de hemoglobina, com complicações severas no baço, fígado, ossos e coração, o que implica cuidados médicos permanentes.
  
Fonte: www.hemorio.rj.gov.br

 O rastreamento da doença pode ser feita já no período neonatal, através de um teste do pezinho ampliado, e em casos positivos, é feita a confirmação por outros testes laboratoriais para a análise da hemoglobina. Além disso, os pais da criança também podem ser avaliados para a identificação de traço talassêmico.
Tanto na criança ou no adulto, o hemograma é o primeiro passo para o diagnóstico, e pelo baixo nível de hemoglobina, pigmentação e formato das células pode-se indicar uma anemia a ser investigada. Entretanto, é preciso que se realizem exames complementares e confirmatórios, como eletroforese de hemoglobina e testes moleculares, para a identificação precisa da causa da má formação da hemoglobina.

**************************************
Como a maioria das postagens, que tal um vídeo para fixar o assunto?



Fontes:
Abrasta
www.hemorio.rj.gov.br
Fleury
Tomé-Alves, A. et al. Hemoglobinas AS/Alfa talassemia - importância diagnóstica. Rev.bras.hematol.hemoter., 2000, 22(3): 388-394.
0 comentaram

segunda-feira, 3 de agosto de 2015


. .
Mieloma Múltiplo - Hematologia #dia2

O Mieloma Múltiplo é um tipo de câncer da medula óssea, que se caracteriza pelo aumento em número e em atividade dos plasmócitos. O plasmócito é uma célula sanguínea que se desenvolve a partir do linfócito B. Quando expostos a um patógeno, os linfócitos B transformam-se em plasmócitos, e produzem imunoglobulinas que participam do processo de defesa imunológica.  


 Existem cinco tipos diferentes de imunoglobulinas: IgG, IgM, IgA, IgD e IgE, com funções imunológicas diferentes. Cada tipo de imunoglobulina é formado por quatro cadeias de proteínas: duas idênticas pesadas (longas) e duas idênticas leves (curtas). As cadeias pesadas definem os cinco tipos de imunoglobulina: gama (IgG), mi (IgM), alfa (IgA), delta (IgD) e épsilon (IgE). As cadeias leves são de dois tipos: capa e lambda. Em um plasmócito, duas cadeias pesadas iguais se ligam a duas cadeias leves iguais para formar um anticorpo. Cada plasmócito produz um único tipo de anticorpo.

Como as células tumorais derivam de um único plasmócito no Mieloma Múltiplo, todas produzem o mesmo anticorpo, que se acumula no sangue (proteína monoclonal). Em alguns casos, são produzidos excessos de cadeias leves, chamadas de cadeias leves livres ou proteínas de Bence-Jones, que, por serem pequenas, são excretadas na urina. Raramente são produzidos excessos de cadeias pesadas livres.
O tipo de imunoglobulina produzida é usado para classificar o mieloma múltiplo, sendo que os mais comuns são o mieloma IgG (60% a 70%) e o mieloma IgA (20%); e os mais raros são IgD e IgE são raros.
Este câncer é chamado de “mieloma múltiplo” porque múltiplas áreas da medula são normalmente afetadas. Existe uma variação substancial entre pacientes quanto ao número de áreas da medula óssea afetadas; à localização dessas áreas (ex.: coluna vertebral, pélvis, braços e/ou pernas) e à atividade ou padrão de crescimento do mieloma.
Segundo dados da American Cancer Society, trata-se de um câncer relativamente raro. Nos Estados Unidos, cerca de 1 em cada 143 pessoas podem desenvolver a doença. Comumente, pessoas idosas, com mais de 65 anos manifestam o câncer, e em menor escala, pessoas com menos de 35 anos. Ressalta-se ainda que, no Brasil, faltam dados quanto à incidência e prevalência do Mieloma Múltiplo.

Causas e fatores de risco

Até o momento, as causas da doença não são totalmente elucidadas. Acredita-se que a predisposição genética e a exposição ambiental estejam relacionadas. Não obstante, já se sabe que a exposição à radiação, à substâncias químicas, herbicidas, metais pesados, tinta, petróleo, exposição a asbesto e benzeno podem ser fatores de risco. Além disso, infecções virais, principalmente pelo vírus HHV-8 (Herpes-8), HIV e Hepatite C, podem estar associadas, e raros casos de ocorrência familiar foram descritos, portanto, não é uma recomendação que se pesquise o mieloma em todos os membros da família.

Diagnóstico

O diagnóstico inicial do Mieloma Múltiplo se dá através do hemograma, creatinina, cálcio, ácido úrico, proteínas totais e frações, beta 2 microglobulina, eletroforese e imunofixação de proteínas no soro e urina de 24h, estudo radiológico de esqueleto (crânio, coluna vertebral, tórax, bacia, membros superiores e inferiores), aspirado e/ ou biópsia de medula óssea em crista ilíaca posterior.
Segundo Silva (2007) o hemograma de um indivíduo com Mieloma Múltiplo

evidenciará anemia normocítica e normocrômica, hiporegenerativa, em 60% dos casos. Neutropenia pode estar presente em 30% dos pacientes enquanto a trombocitopenia em 20%. Em torno de 95% dos casos apresentam intensa aglutinação das hemácias por alteração na carga elétrica da membrana eritrocitária, formando verdadeiras pilhas de hemácias conhecidas como rouleaux e que são facilmente observadas em esfregaço de sangue periférico.

Segundo a Profa. Dra. Gisele Colleoni, da Unifesp, o paciente com Mieloma pode apresentar uma anemia não muito intensa, trombocitopenia ou não. A anemia será mais importante em pacientes com Mieloma há mais tempo, com perda de função renal e maior infiltração da medula pelas células tumorais.  (clique aqui para assistir ao vídeo sobre aimportância do hemograma no diagnóstico e acompanhamento dos pacientes).
Para a confirmação do diagnóstico, é preciso que haja a presença de proteína monoclonal, infiltração da medula óssea por plasmócitos identificados através de aspirado ou biópsia de medula óssea ou biópsia de massa tumoral, com laudo de plasmocitoma e evidências de dano aos órgãos afetados pelo mieloma múltiplo: anemia, lesões líticas na radiografia do esqueleto, insuficiência renal e hipercalcemia.
Na pesquisa de imunoglobulinas, a quantidade de um tipo pode ser elevada, enquanto dos outros são baixos, já que os níveis de determinada proteína determina o tipo de mieloma.

Obs.: a dosagem bioquímica das imunoglobulinas pode ser prejudicada devido aos altos níveis. Portanto, recomenda-se a diluição da amostra para a liberação do resultado.

Tratamento

Há grandes avanços no tratamento da doença desde a introdução do primeiro tratamento com melfalano e prednisona, ainda na década de 60, entretanto pode haver variações dependendo do protocolo de tratamento adotado pela equipe mpedica de acordo com as características apresentadas pelo paciente.


Fontes: Abrale
Silva, Roberta Oliveira de Paula e Silva. Mieloma múltiplo: estudo prognóstico e verificação do conhecimento da doença em médicos que atuam na atenção primária à saúde / Roberta Oliveira de Paula e Silva. - Belo Horizonte, 2007. 
0 comentaram
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...