Em
janeiro deste ano (2014), alguns jornais brasileiros e internacionais
noticiaram uma descoberta que parecia dar novos rumos à medicina regenerativa.
Tratava-se da descoberta de um método de reprogramação celular de Aquisição de
Pluripotência Desencadeada por Estímulo (STAP, na sigla em inglês). Dizia-se que um método extremamente
simples era capaz de transformar células maduras em células pluripotentes. A
descoberta se deu por cientistas do Centro de Biologia do Desenvolvimento RIKEN,
no Japão, e culminou numa publicação polêmica na Nature, uma das mais respeitadas revistas científicas.
Os
cientistas afirmavam que, as células “expostas a fortes estímulos que elas não
experimentariam normalmente em seus ambientes” faz com que ela volte ao seu
estado de pluripotência. Eles usaram células adultas de camundongos e
expuseram-nas a níveis baixos de oxigênio ou a um banho de ácido de 30 minutos.
Observou-se que as células sobreviveram e recuperaram-se do estimulo, pois se
recuaram a um estado semelhante ao de uma célula estaminal. Se bem sucedido no
homem, o método barato e rápido parecia extremamente viável.
Mas
algum tempo após a publicação na Nature,
questionamentos principalmente quanto à credibilidade das imagens publicadas no
artigo e a dificuldade de outros cientistas em reproduzir o experimento
começaram a surgir, o que fez com que a própria instituição RIKEN e a Nature iniciassem uma investigação
acerca da veracidade do estudo e indícios de fraude. Teruhiko Wakayama, da
Universidade Yamanashi (Japão), co-autor do estudo, questionou
publicamente os resultados. Logo depois, mais três co-autores se pronunciaram,
e Ryoji Noyori, presidente do RIKEN, pediu “desculpas pelo grande problema e as
preocupações causados a tantas pessoas na sociedade pela publicação dos artigos
sobre as células STAP”. No fim da conferência de imprensa, Noyori e outros responsáveis
da RKEN pediram desculpa curvando-se perante a assistência. O relatório inicial
da instituição concluiu que “houve manipulação inapropriada dos dados de dois
dos itens [imagens] investigados, mas que as circunstâncias [em que essa
manipulação aconteceu] não foram consideradas como constituindo má conduta
científica”.
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Haruko Obokata. Foto: Público.pt. |
Depois
de quase dois meses de investigação e de todo o escândalo, Obokata se
pronunciou perante a quase 300 jornalistas. A própria instituição RIKEN a
acusou de fraude, mas visivelmente emocionada, a pesquisadora se curvou diante
de todos e se desculpou, confirmando haver erros no artigo devido a sua
inexperiência, mas que não havia agido de forma a manipular os resultados, e
afirmou que as células STAP de fato existem. “É absolutamente possível explicar
como é que os erros apareceram”, declarou Obokata.
Fontes: Público.Pt e G1.com
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