Vocês
certamente já devem ter ouvido falar a "pílula da inteligência", utilizada por estudantes para “turbinar” o cérebro. Muitos já tiveram contato com estas drogas, principalmente a Ritalina. Esta postagem visa
abordar este tema de forma técnica e também com esclarecimentos à população,
levantando estudos sobre mitos e verdades sobre o uso indevido e a repercussão na
mídia.
O
cloridrato de metilfenidato (conhecido como Ritalina, marca da empresa farmacêutica
Novartis) é um psicoestimulante, indicado para déficit de
atenção/hiperatividade (TDAH), de causa idiopática. Utiliza-se ainda outros
termos para a descrição desta síndrome comportamental, como distúrbio
hipercinético, lesão cerebral mínima, disfunção cerebral mínima, disfunção
cerebral menor e síndrome psicorgânica de crianças. O tratamento não se dá
apenas com a medicação, mas a adoção de medidas educativas, psicológicas e
sociais.
Suas
contraindicações são voltadas a pacientes com hipersensibilidade ao
metilfenidato ou a qualquer excipiente, ansiedade, tensão, agitação,
hipertireoidismo, arritmia cardíaca, angina do peito grave, glaucoma, no
diagnóstico de tiques motores ou tiques em irmãos, ou ainda, em diagnóstico ou
história familiar de síndrome de Tourette.
Trata-se
de um estimulante do sistema nervoso central (SNC), com efeitos mais evidentes
nas atividades mentais do que motoras, não tendo total conhecimento da sua ação
sobre o homem, acreditando-se que talvez o efeito seja causado pela estimulação
cortical e possível estimulação do sistema de excitação reticular. É um
composto que consiste na mistura de 1:1 de d-metilfenidato e l-metilfenidato, e
a ingestão juntamente com alimentos acelera sua absorção, porém não tem efeito
na quantidade absorvida.
No
sangue, o metilfenidato e seus metabólitos são distribuídos entre o plasma
(57%) e os eritrócitos (43%). O metilfenidato via oral é eliminado pela urina
(78% a 97%) e 3% nas fezes sob a forma de metabólitos, em 48 a 96 horas.
Como
toda medicação, pode haver efeitos colaterais, como nervosismo, cefaleia,
sonolência ou insônia, redução do apetite, dores abdominais, náuseas, vômitos,
e raramente leucopenia, trombocitopenia, anemia, reações de hipersensibilidade,
psicose tóxica, hiperatividade, humor depressivo, entre outros.
Ritalina
no tratamento de TDAH
O
diagnóstico da TDAH é somente clínico, baseado na análise do cotidiano do
paciente, visto que por ser uma síndrome neuropsiquiátrica, não há um marcador
biológico que identifique a doença.
Além
do acompanhamento psicológico, educacional e social, há também a intervenção
medicamentosa com metilfenidato. O medicamento age na liberação de dopamina - neurotransmissor
precursor natural da adrenalina - em determinados circuitos do sistema nervoso
central, auxiliando na correção do funcionamento deficitário e controle da
hiperatividade.
A
ingestão de metilfenidato indevidamente, sem prescrição médica, pode provocar
dependência; em contraponto quando o uso é prescrito, segundo o neuropediatra
Marcelo Gomes e o psiquiatra Dr. Paulo Mattos, coordenador do Grupo de
Estudos do Déficit de Atenção da UFRJ, “a ingestão correta diminui muito o
potencial de vício e ainda protege contra o uso de substâncias ilícitas”.
E
não. A Ritalina não é a vilã, pelo contrário, ela ameniza os sintomas da TDAH.
Obviamente, foi produzida para esta finalidade, não podendo ser usada por quem
queira aumentar sua concentração, como afirma do psiquiatra Marcelo Gomes.
O uso
indevido da Ritalina
Segundo
dados do DEA (Drug Enforcement Administration), órgão administrativo de
narcóticos da Polícia Federal norte-americana, os registros indicam aumento do
uso abusivo de Ritalina por adolescentes e jovens, e em 2010, aproximadamente 3.601
casos de ingestão da droga foram atendimentos dos pronto-socorros, e 186 mortes
estavam ligadas ao uso do medicamento.
Os
efeitos da Ritalina estão sendo comparados aos efeitos provocados pela cocaína
e pelas anfetaminas. Segundo o DEA, “o abuso desta substância tem sido
documentado entre os dependentes químicos. Eles dissolvem comprimidos de
ritalina em água para injetar nas veias. Quando injetados, os componentes
bloqueiam vasos sanguíneos, causando sérios danos aos pulmões e à retina”. Mas
obviamente, a relação do medicamento com drogas ilícitas promove grande
discordância entre os profissionais do meio.
Diante
disto, é de extrema importância uma avaliação detalhada do paciente antes da
intervenção medicamentosa, com tentativas de introduzir outras medidas, e
somente caso necessário, a Ritalina deve ser administrada. Nem toda criança
agitada ou com falta de atenção é portadora de TDAH.
Ritalina
x Estudos – a grande polêmica
A
Ritalina ficou conhecida como “a droga dos concurseiros” ou “pílula da
inteligência”. Procurando a fundo na internet, encontram-se anúncios (obviamente
em sites de baixa confiança) chamativos para estudantes e concurseiros,
prometendo que a droga aumenta a capacidade cognitiva de quem usá-la, e uma
semana de estudos passa a ser um dia, com a mesma produtividade. Há blogs de
pessoas que relatam o cotidiano com o uso da droga, com os efeitos colaterais,
e aumento ou não da produtividade, muitos relatando que possivelmente o aumento
da concentração seja algo psicológico, e não efeito da Ritalina.
Enfim,
o uso da Ritalina para outros fins, que não o tratamento de TDAH, seria com a
intenção de melhorar as funções cognitivas primárias, como atenção e
concentração, aumentando a produtividade dos estudos, e não tornar o indivíduos mais inteligente.
Um
estudo realizado pela psicóloga Simara Batistela, da Universidade Federal de
São Paulo (Unifesp), afirma que a Ritalina não promove melhora cognitiva, como
está largamente sendo utilizada. O objetivo do estudo foi avaliar se o consumo
da droga realmente trazia tais vantagens cognitivas. A matéria publicada no
Estadão.com.br diz que “para a pesquisa, foram selecionados 36 jovens saudáveis
de 18 a 30 anos. Eles foram divididos aleatoriamente em quatro grupos: um deles
tomou placebo e os outros três receberam uma dose única de 10 mg, 20 mg ou 40
mg da medicação. Depois de tomarem a pílula, os participantes foram submetidos
a uma série de testes que avaliaram atenção, memória operacional e de longo
prazo e funções executivas. O desempenho foi semelhante nos quatro grupos, o
que demonstrou a ineficácia da Ritalina em "turbinar" cérebros
saudáveis.”.
Segundo
a pesquisadora, a droga não alterou a função cognitiva dos jovens. Os únicos
relatos foram daqueles que tomaram uma dose maior, de 40 mg, e relataram maior
sensação de bem-estar em relação aos demais.
De
acordo o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, diretor do Programa de
Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad) da Unifesp, o mito de que a
Ritalina teria o potencial de tornar alguém mais inteligente não faz sentido.
"A pessoa fala que consegue estudar a noite inteira com o remédio. Isso é
porque ela fica acordada e não porque tem uma melhora na atenção", diz.
Ele observa que o aprendizado sob o efeito da droga consumida inadequadamente é
de má qualidade, além de que o uso indevido aumenta o risco de problemas do
coração, podendo chegar a um quadro de arritmia cardíaca.
Ainda
segundo a matéria do Estadão, por possuir um potencial de abuso, a venda da
Ritalina deve ser feita apenas sob apresentação de receita especial. Entretanto,
o acesso à droga infelizmente é simples através do mercado negro, como já dito anteriormente,
pela internet. Outra estratégia que tem sido adotada para obter o remédio é
simular os sintomas do TDAH para angariar a receita. Segundo levantamento feito
pelo Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo
(Sindusfarma), houve um crescimento de quase 50% na venda de remédios à base de
cloridrato de metilfenidato no Brasil entre 2008 e 2012. Entre setembro de 2007
e outubro de 2008 foram vendidas 1.238.064 caixas, enquanto entre setembro de
2011 e outubro de 2012 as vendas cresceram para 1.853.930 caixas.
Fontes:
Tenho 35 anos e tenho TDAH diagnosticada a 1 ano,desde então eu o tinha desde a infância e NÃO sabia que tinha. E está muito difícil para mim,ter controle sobre ela,até porque,ela foi descoberta tardeamente e o sistema público não funciona bem,como sabemos.
ResponderExcluirPor agora,os prejuízos foram: profissional,pessoal e afetivo. A primeira opção acima de todas.
Está cada vez mais difícil,não perder as esperanças de ao menos,ter o controle sobfe ela na minha vida.