Cecília de Carvalho Castro e Silva e Lauro Tatsuo
Kubota, líderes do estudo realizado no Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas, desenvolveram tal dispositivo contendo 64 sensores
integrados, que podem detectar a proteína HER2 (Human Epidermal Growth Factor
Receptor 2), em uma única gota de sangue. A presença da HER2 é um fator que
indica o surgimento de um tumor na fase de pré-desenvolvimento, antes mesmo do
aparecimento do nódulo mamário.
O câncer de mama deve atingir 57.960 mulheres em
todo o Brasil, somente este ano, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Sendo assim, a busca por novos métodos de detecção precoce se faz extremamente
necessária.
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Cecilia Silva |
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Lauro Kubota |
“Os métodos tradicionais utilizam o exame do toque
da mama e a mamografia. No exame do toque a mulher só consegue identificar o
câncer quando o nódulo já está com um centímetro ou mais. Na mamografia é
possível detectar nódulos de até quatro milímetros. Nestes casos o câncer já
está instalado e, muitas vezes, pode ser tarde”, diz Cecilia. E acrescenta: “Muitos
estudos mostram que, seis meses antes da paciente começar a desenvolver o
tumor, os níveis do HER2 no soro sanguíneo aumentam, passando do que seria um
nível normal de 12 nanogramas por mililitros, até chegar ao estágio de 15
nanogramas por mililitros ou mais”.
O dispositivo é do tamanho de uma moeda de cinquenta
centavos, e funciona como um transistor de efeito de campo (que funciona como
amplificador) à base de grafeno (material bidimensional formado por uma única
camada de átomos de carbono) modificado com nanopartículas de ouro. A
condutividade elétrica do dispositivo pode ser modulada pela interação com
espécies químicas e biológicas. No caso, o tipo de grafeno, o ouro e a
imobilização orientada de anticorpos sobre o grafeno possibilitaram uma
ultrassensibilidade. “Os anticorpos reconhecem especificamente esta proteína
HER2. Portanto, quando estes anticorpos interagem com essa proteína, há mudanças
nos valores de condutividade”.
Há ainda a possibilidade de fabricação de substratos
plásticos, o que deixaria o dispositivo mais barato e o tornaria descartável.
Informações do site Correio Popular
Fotos: Antonio Scarpinetti/Divulgação