Durante o evento em comemoração aos 50
anos da FAPESP, intitulado como “Fronteras de la Ciencia – Brasil y España en
los 50 años de la FAPESP”, foi abordado, pelo médico Luiz Paulo Kowalski,
diretor do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia
do Hospital A.C. Camargo, o aumento do casos de cânceres de boca e garganta em
jovens.
O tema foi abordado em um simpósio que
fez parte das comemorações da FAPESP, e reuniu pesquisadores de São Paulo e de
diferentes instituições de ensino e pesquisa da Espanha, nas cidades de
Salamanca (10 a 12/12) e Madri (13 e 14/12).
Antigamente, esses cânceres estavam
associados ao tabagismo e ao consumo excessivo de álcool, e ocorriam com maior
frequência em pessoas com condições nutricionais e físicas comprometidas, mas
nos últimos anos, esse perfil vem mudando. Estudos indicam que jovens que não
fumam ou nunca beberam, estão apresentando esses tipos de cânceres, muitas
vezes relacionados à infecção pelo papiloma vírus humano (HPV).
Atualmente, um jovem infectado por HPV,
que nunca teve contato com cigarro e álcool, tem grandes chances de sobreviver
e voltar à vida normal. Isso deve-se ao fato de que, segundo o estudo de
Kowalski publicado no International Journal of Cancer,
o câncer neste caso comporta-se de maneira diferente, mais localizada e ainda
menos agressiva.
Isso implica na revisão dos programas de
prevenção e detecção da doença, pois não só mais os fumantes e etilistas são o
foco, mas sim todas as pessoas, além de trabalhar em campanhas de vacinação
contra o HPV, pois os casos de câncer de orofaringe estão associados a somente
16 ou 18 tipos de variações do vírus.
Ainda de acordo com Kowalski, a
prevalência de infecções pelo HPV nos pacientes com câncer de cabeça e pescoço
era menor que 2%, mas o estudo publicado em 2012, apresenta uma taxa de
prevalência muito elevada: 32% em jovens com câncer de boca.
Outra pesquisa está sendo realizada no Instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia em Oncogenômica do Hospital A.C.
Camargo, apoiado pela FAPESP e pelo CNPq, e tem como objetivo “identificar
marcadores de resposta ao tratamento”, avaliando e comparando pacientes com
câncer de orofaringe atendidos no Hospital A.C. Camargo e pacientes atendidos
no Hospital do Câncer de Barretos, no interior de São Paulo.
A matéria é de
Karina Toledo, de Madri ao Agência FAPESP.