Para homenagear os biomédicos, já que o nosso dia está
chegando, o CRBM 1ª Região em parceria com o canal Bricking Science, criou um
vídeo em stop motion. Uma linda e super bacana homenagem a todos nós! Confiram:
Hoje
vamos de fisiologia! E nada mais justo do que falar sobre um evento de suma
importância para a nossa sobrevivência: o ciclo cardíaco.
O
coração é um órgão relativamente pequeno, mas de grande importância para a
manutenção de funções vitais do organismo. Considerado uma “bomba”, que ao se
contrair “bombeia” o sangue para a periferia, e ao relaxar se enche novamente
de volume. Tem como função básica garantir que o sangue chegue aos tecidos
periféricos e o aporte sanguíneo para os alvéolos de modo a permitir a troca
gasosa.
Anatomicamente,
encontra-se apoiado sobre o diafragma, perto da linha média da cavidade
torácica, no mediastino, a massa de tecido que se estende do esterno à coluna
vertebral; e entre os revestimentos (pleuras) dos pulmões. Cerca de 2/3 de
massa cardíaca ficam à esquerda da linha média do corpo. A extremidade pontuda
do coração é o ápice, dirigida
para frente, para baixo e para a esquerda. A porção mais larga do coração,
oposta ao ápice, é a base,
dirigida para trás, para cima e para a direita.
O
coração possui quatro câmaras: dois átrios
e dois ventrículos.
Átrio
direito: sangue rico em dióxido de carbono – venoso – por meio das veias cava
superior, inferior e seio coronário.
Átrio
esquerdo: sangue oxigenado, por meio de quatro veias pulmonares.
-> Ventrículos (câmaras inferiores): bombeiam o sangue para fora do
coração.
Ventrículo
direito: recebe o sangue vindo do átrio direito e expulsa o sangue por meio da
artéria pulmonar para os pulmões.
Ventrículo
esquerdo: recebe o sangue oxigenado do átrio esquerdo e expulsa para a circulação
sistêmica do corpo.
CICLO
CARDÍACO
É
denominado Ciclo Cardíaco o conjunto de eventos que ocorre entre o início de um
batimento cardíaco e início de um próximo. Cada ciclo tem início quando é
gerado um potencial de ação espontâneo no nodo sinusal, localizado na parede
superior do átrio direito, próximo da abertura da veia cava superior. Este
potencial de ação se propaga do átrio direito até os ventrículos de tal forma
que ocorre um atraso de cerca de 0,1 segundo a passagem desse impulso dos
átrios para os ventrículos permitindo que os átrios se contraiam antes, colaborando
com o enchimento ventricular antes da sua contração. Isso faz com que tenhamos
um fluxo sanguíneo coerente, se não fosse assim, o sangue iria para qualquer
lado.
O ciclo
consiste então no período de relaxamento (DIÁSTOLE), momento no qual o coração
se enche de sangue. Logo após ocorre o período de contração (SÍSTOLE). A
duração total do ciclo cardíaco é a recíproca da frequência cardíaca, como por
exemplo, se a frequência cardíaca é de 72 batimentos/min, a duração do ciclo é
de 1/72 batimentos/min.
Normalmente,
o sangue flui de forma contínua, vindo das grandes veias para os átrios, e a
maior parte do sangue que entra (cerca de 80%) flui diretamente para os
ventrículos, mesmo antes da contração atrial, devido à diferença de pressão
entre as câmaras que faz com que haja a abertura das valvas atrioventriculares.
Sendo assim, os 20% do sangue que resta vai para os ventrículos através da
contração (sístole atrial). A complementação do enchimento é importante para
que haja melhoria da eficácia do bombeamento ventricular.
O
período de enchimento rápido é o primeiro terço da diástole ventricular. Ele
ocorre porque durante a contração (sístole) ventricular, grande quantidade de
sangue se acumula nos átrios direito e esquerdo, uma vez que as valvas
atrioventriculares estão fechadas. Assim que a sístole dos ventrículos termina,
as pressões ventriculares retornam aos baixos valores diastólicos, as pressões
moderadamente altas que se desenvolveram nos átrios durante a sístole
ventricular forçam de imediato as valvas atrioventriculares a se abrirem, e o
sangue então vai dos átrios para os ventrículos. Como já dito, somente cerca de
20% do sangue chega aos ventrículos através da contração (sístole) dos átrios.
Começa
então a contração isovolumétrica dos ventrículos, aumentando a pressão interna
dessas câmaras e promovendo o fechamento das valvas atrioventriculares. Quando
a pressão dentro do ventrículo esquerdo atinge um pouco mais que 80 mmHg (e a
pressão do ventrículo direito, pouco mais que 8 mmHg), as valvas semilunares (aórtica
e pulmonar) são forçadas a abrir. O sangue começa então a ser lançado para as
artérias.
Assim,
depois que o sangue é lançado para as artérias, inicia-se de imediato o
relaxamento isovolumétrico dos ventrículos, diminuindo a pressão dentro dos
mesmos. Diferente disso, as artérias estão recebendo grande pressão, e isso acaba
causando o fechamento das valvas aórticas e pulmonar. Nesse momento, a pressão
intraventricular diminui e as valvas atrioventriculares se abrem para receber
mais sangue.
E aí...
o ciclo recomeça!
Por hoje
é só! Mas fique de olho no blog, porque ainda teremos aqui uma complementação
deste assunto. Nos próximos dias falaremos sobre pequena e grande circulação, a
função das valvas atrioventriculares e semilunares, e as bulhas cardíacas.
Bibliografia:
Hall, John E. (John Edward), 1946 –
Tratado de Fisiologia Médica [recurso eletrônico] / John E. Hall; [tradução
Alcides Marinho Junior – et al.]. – Rio de Janeiro : Elsevier, 2011.
Como sempre, vai um vídeo super bacana para ajudar na compreensão!
Que tal uma festa de Halloween com
bolos muito inusitados? Desconfio até que, para biomédicos e todo o pessoa da
área da saúde, esses bolos acabam não dando medo nenhum e são demais!!!
Os bolos são obras primas de Yolanda
Gampp, que tem um canal no Youtube (How to cake It) ensinando a fazer bolos um tanto quanto inusitados.
Dá só uma olhada!
No
ano de 2016, a Biomedicina completa 50 anos! Em 1966 começava a aula inaugural
do curso de Biomedicina, na UNIFESP, e depois em outras universidades, como a
UERJ, inicialmente com o nome de “ciências biológicas – modalidade médica”).
E
também esse ano, o Biomedicina em Ação completa 5 anos! Nascemos em meio de
2011, e seguimos até hoje, com muitas mudanças, novos conteúdos, parcerias, aprendizado
e novidades.
Uma
das novidades é o nosso canal no Youtube, e é para lá que nós vamos hoje, para
comemorar esses grandes acontecimentos de 2016!
Que
tal comemorar com os “50 fatos sobre a Biomedicina”? Inovei, e ao invés de falar
“sobre mim” falei sobre a minha (e a nossa) paixão. Vem conferir!!!
Parabéns
biomédicos que estão a cada dia na luta constante de salvar e preservar vidas,
além de lutar por uma melhor colocação no mercado de trabalho e pelo melhor
reconhecimento da profissão. E obrigada pelos quase 900 mil acessos no blog e
22 mil curtidas no facebook! São milhares de biomédicos em plena ação, que com
certeza fazem toda a diferença para o desenvolvimento da saúde.
Um
casal de biomédicos resolveu compartilhar conosco o vídeo de Manuela, uma
garotinha linda es muito esperta. Eles ensaiavam com ela para uma apresentação
na escola. Vejam o vídeo e apaixonem-se!
Estive
em um curso na semana passada no Instituto Adolfo Lutz de Campinas
(IAL-Campinas), sobre Capacitação em Biossegurança. Uma das palestras foi sobre
vivência em um laboratório de nível III, de tuberculose. Um dos pontos
interessantes da palestra foi quando tratou-se de uma forma um tanto inusitada
de diagnóstico da tuberculose.
Imagem adaptada: G1.com
Na
cidade de Maputo, capital de Moçambique, no sudeste da África, uma espécie de
roedores foi treinada para o diagnóstico primário da tuberculose. Isso acontece
desde 2013, e os ratinhos (nem tão pequenos assim), carinhosamente apelidados
de “HeroRats” (ou “ratos heróis), foram responsáveis por detectar cerca de 1.182
casos da doença.
Este
é um projeto que teve início na Tanzânia, pela organização belga chamada Apopo.
Esta organização se dedica ao desenvolvimento de métodos de diagnóstico usando
ratos treinados, por ser um método mais rápido e barato. No caso dos HeroRats,
há uma precisão de 80% e 20 vezes mais rapidez no diagnóstico.
Os
HeroRats são treinados para associar o som de um clique com uma recompensa em forma
de comida, e logo depois, sentem o cheiro característico do Mycobacterium tuberculosis, a bactéria
causadora da doença, e se familiarizam então para detectar a bactéria em
amostras de escarro humano.
Quando
o ratinho detecta a bactéria, sinalizam aos profissionais mantendo o nariz por
pelo menos 3 segundos no buraco com as amostras de escarro. Sempre que indicam
uma amostra positiva, ganham banana ou amendoim como recompensa. E o interessante
é que eles sabem exatamente em qual das amostras ele parou!
Esta
postagem não visa tratar sobre os assuntos bioéticos envolvidos, e nem o fato
da chance de o animal ser contaminado e se há possibilidade de transmissão. Mas
vale uma discussão acerca disso.
O
farmacêutico Fernando Mafra continua com seus noticiários científicos, e este
está bastante interessante. Ele trata de um artigo sobre a violeta, aquela
florzinha que quase todo mundo tem em casa, e um outro sobre a translocação de proteínas
em células tumorais. Vale a pena assistir!
O carnaval já passou, mas ainda vale
falar de assuntos bastantes emergentes principalmente nessa época do ano. As doenças
transmitidas pelo beijo estão entre estes assuntos (o mais novo caso em discussão
é a transmissão do Zika Vírus), e uma destas doenças é a mononucleose
infecciosa, também conhecida como “angina monocítica” ou a popular “doença do
beijo”.
A mononucleose é uma doença infecciosa transmitida
pela saliva na maior parte dos casos, e raramente por transfusão sanguínea ou
contato sexual. Seu agente etiológico é o Epstein-Barr
Vírus (EBV), um vírus da família Herpesviridae.
Trata-se de um dos vírus mais comuns entre humanos, estabelecendo infecção
persistente em mais de 90% da população mundial adulta. Entretanto, segundo a
Sociedade Brasileira de Infectologia, no Brasil, há maior prevalência em
crianças do que em adultos, mas a suscetibilidade é geral.
EBV. Fonte: www.epibeat.com
Em algum momento de nossas vidas,
seremos infectados pelo EBV, que é transmitido pela saliva, infectando
primeiramente as células epiteliais da orofaringe, nasofaringe e glândulas
salivares. Nessas células ocorre replicação, e os vírus então podem alcançar
tecidos linfoides adjacentes e infectam linfócitos B.
Além da mononucleose infecciosa, o EBV
está associado a outras desordens proliferativas de origem linfoide, tanto
benignas, quanto malignas, tais como linfoma de Burkitt e doença de Hodgkin. Devido
à esta forte associação com neoplasias, a identificação da mononucleose se faz
bastante necessária.
Sintomas
Febre e comprometimento da orofaringe
sob forma de faringo-amigdalite exudativa, com formação de placas brancas e
exsudato, linfadenopatia (glândulas linfáticas inchadas, especialmente no
pescoço). A fadiga está geralmente presente e pode permanecer durante vários
meses.
Diagnóstico e achados laboratoriais
A mononucleose é inicialmente
diagnosticada através da sintomatologia, mas o diagnóstico laboratorial é imprescindível
para a conclusão. A maior característica laboratorial da mononucleose é a
leucocitose com elevada linfocitose atípica. Para a confirmação da doença, pode
ser realizada sorologia buscando detectar anticorpos heterófilos, bem como testes
específicos de EBV relacionados com a resposta dos anticorpos aos vários antígenos
durante o ciclo de vida do vírus. Confirma-se também pela demonstração do
vírus, antígenos virais ou DNA viral através de hibridização com sondas de
ácido nucléico e PCR.
Além disso, há aumento das enzimas
hepáticas transaminases (TGO e TGP), pelas alterações provocadas no fígado e
baço.
Para finalizar, um vídeo muito bacana do Canal Biomedicina Básica. Vale a pena conferir!
Chegamos
ao YouTube! Sim, talvez a ideia não seja tão ruim assim, certo? Para começar,
respondemos perguntas dos nossos leitores sobre diversos temas relacionados à
Biomedicina, em um bate papo bem descontraído. Vale a pena conferir!
Etimologicamente, a palavra neurociência
quer dizer: qualquer ciência, ramo
de ciência ou conjunto de conhecimentos que se refere ao sistema nervoso.
É uma área apaixonante, que nos apresenta várias vertentes e possibilidades de
estudos. No Brasil, temos uma grande neurocientista, Suzana Herculano-Houzel,
que além de produzir ciência, luta pelo reconhecimento do cientista como
profissional.
Mas hoje, viemos apresentar a vocês,
uma neurocientista que muitos conhecem na ficção, mas poucos sabem que ela é
Ph.D em neurociência na vida real. Já ouviu falar da atriz Mayim Bialik?
Melhor... a Amy Farah Foweler, uma nerd neurocientista, namorada do Sheldon (Jim
Parsons), da série americana The Big Bang Theory. Conseguiu identificar?
Pois é, ela não só interpreta uma
cientista como vive isso na realidade. Mayim Bialik é doutora em neurociência.
Foi aceita em Harvard e Yale, mas recebeu seu Ph.D pela UCLA (University of
California, Los Angeles) em 2008. Além de neurocientista, é autora de dois
livros.
Mayim Bialik com um dos seus livros
Como atriz, foi indicada três vezes ao
Emmy de melhor atriz coadjuvante pela sua interpretação em The Big Bang Theory,
onde interpreta uma nerd cientista com um toque de excentricidade. Bialik é a
única atriz da série de nerds a ostentar o título na vida real.
Cenas de The Big Bang Theory
Em um vídeo publicado em 2013 pelo
canal do youtube “NOVA's Secret
Life of Scientists and Engineers”, Mayim conta sobre a sua paixão
pela ciência que vem desde criança, mas que nunca se imaginou seguindo esta
carreira. “Eu achava que ser cientista era difícil demais e que eu não havia
sido feita para isso”, diz. Mas na época de Blossom (uma série dos anos 90),
seu desejo por se tornar cientista foi ainda maior pelo incentivo de uma
professora. Seguiu então para a UCLA assim que o seriado acabou. Se dedicou ao
doutorado e ao ensino em universidades.
Voltou à TV para interpretar uma
personagem que tem muito dela mesma. “Amy tem um pouco de mim, ou melhor,
várias coisas. Não é difícil interpretá-la porque empresto algumas
características minhas a ela e a combinação disso é o que a torna divertida e séria
ao mesmo tempo”. E Mayim ainda afirma o seu amor pela ciência e pela arte, e
diz que é sim possível se apaixonar pelos dois ao mesmo tempo. Afirma ainda diz
que seus professores a questionavam sobre o mundo da fama como atriz, e ela
respondia: “mas ser uma cientista pode ser tão excitante, criativo e interessante
quanto ser atriz”.
Um ponto que levantamos aqui é o que o
site Guia do Estudante chamou a atenção: não é preciso se focar em uma só área
e não se permitir conhecer ambientes totalmente distintos. Além disso, Mayim e
a brasileira Suzana Herculano estão mostrando ao mundo que as mulheres estão
cada vez mais inseridas na ciência, produzindo e se aperfeiçoando. Não deixa de
ser um orgulho a todos nós!
Os Meninos do Brasil é um filme de 1978 (vocês encontram também o livro), que faz
menção às barbaridades do nazismo e aborda sob uma temática de ficção
científica, a clonagem humana. A história tem como protagonista o médico Joseph
Mengele (Gregory Peck), que fez milhares de experiências genéticas com judeus
(inclusive crianças), viveu no Paraguai e planejou o nascimento do 4º Reich.
Para obter tal objetivo, utiliza várias mães de aluguel em uma clínica
brasileira para fazer 94 clones de Hitler quando ele era um garoto, e enviá-los
para serem adotados em diversos países.
Além disso, Mengele escolhe famílias que se
pareçam com a de Hitler e cria situações para traçar o psicológico dos garotos
clonados. Entretanto Ezra Lieberman (Laurence Olivier), um judeu que é um
caçador de nazistas, descobre a trama e tenta impedir que tal plano se
concretize.
Apesar de ficção científica, o filme trata da
realidade. Mengele foi um médico alemão, conhecido como “Anjo da Morte” que se
filiou ao partido nazista na Segunda Guerra Mundial. Ao final da guerra, ele
fugiu para a América do Sul, passando pelo Brasil, onde montou um laboratório
para realizar suas experiências genéticas.
Há questionamentos sobre a
veracidade das experiências com clones apresentada no filme. Isto porque em
Cândido Godói, uma pequena comunidade no sul do Brasil, há mais de 50 pares de
gêmeos, sendo a maioria deles loiros e de olhos azuis. Os rumores indicam que possivelmente
um médico alemão passou por lá, e relatos de que foram feitas muitas
experiências com gêmeos e mulheres, com aplicação de medicamentos desconhecidos
e inseminação artificial.
Gêmeos de Cândido Godói
Alguns pesquisadores descartaram o envolvimento
de Mengele com esse fenômeno, mas obviamente, os rumores continuaram. Esse foi
o tema de um documentário da National Geographic: “Os gêmeos de Mengele”.
Este é um filme que retrata bem a bioética, uma
das questões a serem trabalhadas pelo biomédico, mesmo antes de entrar na profissão.
Sobre este filme, bioética e outras indicações de livros e séries, ouça o novo
episódio do Biomedcast!
Fui convidada a dar um toque feminino ao cast,
representando o XX que estava faltando ali em meio aos XY! Rsrs O cast está bastante
divertido e informativo. Esperamos que gostem!
Os antibióticos pertencem a uma classe
de medicamentos muito importante. E a realização e a interpretação do teste de
sensibilidade a estes antimicrobianos (TSA) é um dos testes mais desafiadores
nos laboratórios de microbiologia. O vídeo que trazemos hoje trata desde a
microbiologia básica à escolha clínica dos antibióticos, passando pelas classes
dos mesmos. Embora os biomédicos não estejam envolvidos diretamente na escolha
dos antibióticos para o tratamento das infecções, é importante que se conheça
mais sobre eles.
Os enterococos são cocos gram positivos
normalmente presentes no trato gastrointestinal e trato genital feminino, e
comumente, não são muito virulentos. São instrinsecamente resistentes a clindamicina,
penicilinas, cefalosporinas e outros betalactâmicos, e possuem pouca eficácia
in vivo a cotrimoxazol, quinolonas, tetraciclina e cloranfenicol. As combinações
eficazes são com penicilina, ampicilina ou vancomicina + gentamicina ou
estreptomicina. Entretanto, a resistência a aminoglicosídeos está cada vez mais
frequente, assim como a ampicilina.
A resistência à vancomicina foi descrita
primeiramente nos Estados Unidos, na década de 80 e desde então foi observado
um aumento das infecções e colonizações por VRE. A sigla de VRE significa “Vancomycin-resistence
enterococcus”, e pode ser traduzida para o português como sendo “enterococo
resistente a vancomicina” (ERV). No Brasil, o primeiro VRE foi identificado em
um hospital de Curitiba, em 1996 em um hospital de Curitiba, e a partir de
então relatos dessa resistência são descritos em diversos hospitais
brasileiros.
O Gênero Enterococcus
é representado por nove espécies. Não obstante, o Enterococcus faecalis e o Enterococcus
faecium são as principais espécies causadoras de infecções no ser humano. A
infecção geralmente ocorre a partir da microbiota endógena após manipulação
gastrointestinal, por transmissão cruzada pelas mãos de profissionais da saúde
em ambientes hospitalares, e equipamentos médicos, como estetoscópios.
Nessas espécies, há a presença de genes vanA e vanB, que
codificam altos níveis de resistência à vancomicina, e são os de maior
interesse devido a ampla capacidade que esses microrganismos apresentam para
disseminação mundial.
Enterococcus
gallinarum e Enterococcus
casseliflavus são espécies intrinsicamente resistentes a baixos níveis de
vancomicina e têm sido descritos como colonizadores do trato intestinal humano.
Os pacientes com maior risco para aquisição
de infecção ou colonização por VRE são:
• Pacientes com doença de base severa (neoplasias, hepatopatas,
nefropatas) ou imunossupressão (pacientes submetidos a transplantes ou em
quimioterapia).
• Pacientes submetidos à cirurgia abdominal ou cárdio-torácica.
• Pacientes submetidos à sondagem vesical ou cateterismo venoso
central.
• Pacientes com internação prolongada ou que receberam múltiplos
antibióticos, incluindo vancomicina.
NOTA: o paciente colonizado é aquele que é portador da bactéria,
mas que não desenvolve a doença infecciosa e pode representar agente de
disseminação da bactéria. O infectado é aquele que tem o processo infeccioso
pelo VRE.
Cultura e identificação
As culturas de vigilância em ambiente
hospitalar são realizadas a partir de swab retal. Utiliza-se meios de cultura
líquido e sólido, que permitem a inibição do crescimento de bactérias sensíveis
a Vancomicina, proporcionando a seletividade de bactérias resistentes a este. O
procedimento se dá da seguinte forma:
·As amostras semeadas em meio líquido BHI-vanco são analisadas após
incubação por 24 horas em estufa bacteriológica.
·Após este período, se houver turvação no tubo, semeia-se em meio
Bea-vanco.
·Após mais 24 horas, se houver mudança de colocação do meio para
preto, indicando consumo da bile esculina presente no meio, semeia-se em Ágar
Sangue. Se não houver crescimento, deve-se aguarda até 48 horas para liberar o
exame.
·Se houver crescimento de colônias acinzentadas, realiza-se o teste
PYR. Se este for negativo, o exame é liberado como negativo para VRE. Se
positivo, faz-se a identificação automatizada ou série bioquímica com telurito,
arabinose, bile esculina e NaCl 0,5%.
·Se o resultado for E.
faecalis ou E. faecium, deve-se
verificar o MIC (concentração mínima inibitória) de Vancomicina, com fita de
E-test. Se o MIC for maior que 256 mcg/mL, solta-se o resultado positivo para
VRE, com a identificação e MIC do microrganismo. Para isso, deve-se fazer um
inóculo na escala 0,5 de McFarland e deve-se depositar 10µl na superfície do
meio Mueller-Hinton.
BÔNUS: Vídeos sobre
vancomicina e sobre a resitência
Fontes:
Oplustil, Carmem Paz, et al. Procedimentos
básicos em microbiologia clínica. 3 ed. São Paulo : SAVIER, 2010.
CDC
Levin, Anna Sara. Enterococcus resistente a
resistente a vancomicina. Universidade de São Paulo Departamento de Moléstias
Infecciosas e Parasitárias.
Nota Técnica – Enterococo resistente à
vancomicina (VER ou VRE). Secretaria de Estado de Saúde Coordenadoria de
Controle de Doenças – CCD Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre
Vranjac”, Divisão de Infecção Hospitalar.
Na microbiologia, é imprescindível que
conheçamos a técnica de coloração de Gram, assim como o mecanismo da mesma,
para a correta interpretação da bacterioscopia. Obviamente, além dos materiais
como corantes e bico de Busen, é de extrema importância que a coloração seja de
qualidade, para a obtenção de um resultado confiável e que de fato auxilie na
identificação do microrganismo.
O método de Gram foi descoberto pelo médico
dinamarquês Hans Cristian Joaquim Gram, em 1884, e por isso recebeu este nome.
Hans Gram observou que as bactérias adquiriram cores diferentes, quando
tratadas com diferentes corantes.
Hans Gram - Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br
A partir de então, pode-se classificar as
bactérias em dois grandes grupos: gram-positivas e gram-negativas.
·Gram-positivas:são bactérias que possuem
uma espessa camada de peptideoglicano e ácido teicóico e que, portanto,
coram-se de azul.
·Gram-negativas:são bactérias que possuem uma fina camada de
peptideoglicano, sobre a qual se encontra uma camada composta por
lipoproteínas, fosfolipídeos, proteínas e lipopolissacarídeos. Estas bactérias
coram-se de vermelho.
Vamos aprender a técnica para entendermos o
que faz com que certas bactérias se corem de azul e outras de vermelho.
ØPrepare a lâmina fazendo um pequeno esfregaço com a colônia ou a
amostra a ser analisada. Pode ser usado salina para melhor diluição na
preparação da lâmina.
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br
ØA maioria dos laboratórios utilizam-se o calor da chama do bico de
Bunsen para a fixação da lâmina. Entretanto, segundo o Ministério da Saúde,
este é o método original, utilizando violeta-de-genciana, mas atualmente já há
um fixador químico no violeta-de-metila (outro tipo de cristal violeta), que
dispensa a utilização da chama. Então, após a fixação, coloque sobre toda a
lâmina o cristal violeta, que é um corante de cor púrpura, e aguarde de 30
segundos a 1 minuto. Neste passo, todas as bactérias estarão coradas
igualmente, pois absorverão o corante.
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br
ØApós este período, lave a lâmina com água destilada, e
posteriormente, aplique o lugol (solução de iodo). Esta solução fixará o
corante cristal violeta nas bactérias gram-positivas, que tem a parede mais
espessas.
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br
ØLave a lâmina novamente com água destilada e logo após, lave com
álcool-acetona, por cerca de 15 segundos ou até o corante azul sair da lâmina.
O álcool fará a descoloração das bactérias gram-negativas, que possuem a parede
menos espessa, e é imprescindível uma atenção a este passo, para que não
descolore muito a lâmina. Coloque rapidamente a lâmina em água corrente, para
tirar o excesso de álcool.
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br
ØColoque por toda a lâmina a fucsina ou a safranina. Estes são
contracorantes, de tom avermelhado, que servirão para corar as bactérias
gram-negativas que foram descoradas no passo anterior. Deixe o corante por 30
segundos a 1 minuto, e lave com água destilada.
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br
ØSeque a lâmina com secador, e leve ao microscópio para a análise.
Imagem: www.vidrariadelaboratorio.com.br
Observação: é importante mencionar que a padronização do método de
gram é específico para cada laboratório. Portanto, os tempos e os passos
indicados aqui podem variar de um laboratório para outro. É importante que o
procedimento operacional padrão do laboratório seja seguido.
Interpretação do resultado:
Durante o processo de coloração, o tratamento
com álcool-acetona extrai os lipídeos, resultando na porosidade ou
permeabilidade aumentada da parede celular das bactérias gram-negativas. Por
este motivo, o cristal violeta aplicado no início do processo sai, e a
safranina aplicada ao final permanece. As gram-negativas coram-se então de vermelho (ou rosa).
Em contrapartida, a parede celular das
bactérias gram-positivas, em virtude de sua composição diferente, torna-se
desidratada durante o tratamento com álcool-acetona, a porosidade diminui, a
permeabilidade é reduzida. Sendo assim, essas bactérias retém o cristal violeta
e não se descoram com a aplicação do álcool. As gram-positivas
coram-se então de azul (ou roxo).
Dica
para não esquecer, uma analogia simples:
ØQuando você está sem nenhum dinheiro na
sua conta, você está no VERMELHO (negativo).
Lembre-se então das gram-negativas.
ØQuando você tira uma nota boa, você tira
uma nota AZUL (isso é positivo!). Lembre-se das gram-positivas.
Para finalizar, um vídeo muito bem
explicativo do Prof. Fernando Mafra, do Canal de Escola de Ciências da Vida, do
YouTube.
Aproveitem esta semana para estudar
microbiologia com o Biomedicina em Ação!
Fontes:
Técnica de Coloração de Gram. Brasília: Ministério da Saúde,
Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS, 1997. 63 p.:
iI. (Série TELELAB) 1. Gram I. Programa Nacional de Doenças Sexualmente
Transmissíveis e AIDS, (Brasil). II. Série TELELAB.
Universidade Federal Fluminense – Instituto Biomédico – MIP Bacteriologia
– Coloração de Gram.