Anemia falciforme é uma doença
hereditária monogênica caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do
sangue, tornando-os parecidos com uma foice, pela alteração da sua membrana,
rompem-se mais facilmente e causando anemia. É causada pela mutação de ponto
(GAG->GTG) no gene da globina beta da hemoglobina, originando uma
hemoglobina anormal, denominada hemoglobina S (HbS), ao invés da hemoglobina
normal denominada hemoglobina A (HbA).
A doença originou-se na África e foi
trazida às Américas pela imigração forçada dos escravos. No Brasil,
distribui-se heterogeneamente, e é predominante entre negros e pardos, também
ocorrendo entre brancos.
Devido ao encurtamento da vida média das
hemácias, pacientes com anemia falciforme apresentam hemólise crônica que se
manifesta por palidez, icterícia, elevação dos níveis de bilirrubina indireta,
do urobilinogênio urinário e do número de reticulócitos.
Como não há tratamento específico para a
doença, medidas como boa nutrição, profilaxia, diagnóstico e
terapêutica precoce de infecções; manutenção de boa hidratação e evitar
condições climáticas adversas são aplicadas a fim de minorar as consequências
da anemia crônica. Não obstante, o acompanhamento ambulatorial e laboratorial
se faz muito importante.
Diante disso, no dia 01/07/2015, quarta-feira, foi
publicada no Diário Oficial da União a inclusão do transplante de medula óssea
para o tratamento da Anemia Falciforme no rol de procedimentos cobertos pelo
Sistema Único de Saúde (SUS).
“Parte das evidências científicas que
contribuíram para a inclusão do tratamento na rede pública foi produzida em
trabalhos realizados no âmbito do Centro de
Terapia Celular (CTC)
– um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP
e sediado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de
São Paulo (USP). Atualmente, o centro é o único do Brasil que realiza o
procedimento de maneira regular.”
A técnica é chamada de “transplante de células-tronco
hematopoéticas alogênico”, e os primeiros trabalhos experimentais foram realizados
em 2003, sob coordenação de Julio Voltarelli, pesquisador pioneiro no estudo
com células-tronco e estudioso também em esclerose lateral amiotrófica, que
faleceu em 2012. Já foram realizados 27 dos 40 transplantes em portadores de
anemia falciforme. Na Europa já foram transplantados cerca 600 pacientes
falciformes e 600 nos Estados Unidos, com um índice promissor de 90%, quando o
doador é um irmão compatível; e mortalidade de 5%. Os transplantes com doadores
não aparentados ainda são considerados experimentais.
“Essa experiência
local foi muito importante para ajudar a mudar opiniões contrárias à inclusão
do procedimento no SUS dentro do Ministério da Saúde. Havia apenas evidências
sobre a segurança e a eficácia do método vindas da Europa ou dos Estados Unidos
e nós mostramos que em nossos pacientes conseguíamos alcançar os mesmos índices
de cura e sobrevida. Mostramos que muitos desses pacientes, que antes viviam
sendo hospitalizados, passaram a levar uma vida normal e produtiva. Essa
experiência local foi fundamental”, afirmou Belinda Simões, líder atual do
projeto.
Fonte:
0 comentários :
Postar um comentário